A história do Casarão Dudalina aqui contada é fonte de inspiração para deixar a marca luizalvense no mundo.

Era a década de 30 e a família do Sr. Leopoldo e Verônica Hess juntamente com seus setes filhos Elvira, Anselmo, Adelina, Alzira, Almiro, Nair e Ademar, que aqui moravam, construíram um legado na tranquila cidade de Luiz Alves.

Em 1932 construíram uma ampla casa de alvenaria, com dois pisos, na qual ficava a “venda”. Tinha seis quartos, salas, escritório, sala de jantar, cozinha e banheiro, já todos azulejados, o que era novidade da época.

Em 1936 o Sr. Leopoldo comprou um ônibus de passageiros, uma espécie de “jardineira” que, além de transportar mercadorias e pessoas, fazia o correio entre Luiz Alves e Itajaí. Foi o Sr. Leopoldo que aperfeiçoou as comunicações entre Luiz Alves, Itajaí e Blumenau. Sendo vereador em Itajaí, foi também um dos fundadores do extinto banco Inco.

Preocupado com a formação dos filhos, colocou-os nos melhores colégios da cidade vizinha Blumenau, onde todos concluíram o curso ginasial.

O filho mais velho homem, Anselmo, era um jovem que gostava da vida agitada da capital, onde tinha patente de 2º Sargento e cursava o quarto ano de engenharia. Eram tempos duros e a guerra assolava a Europa, afinal, o mundo estava convulsionado pela guerra e as tropas aliadas desembarcavam na Itália e não acontecia muita coisa em Luiz Alves. Era sempre o trabalho na venda, as lavouras e o negócio das serrarias que movimentavam um pouco a economia luizalvense.

Já a filha Adelina era uma jovem inteligente e ajudava em casa nas tarefas domésticas. Após terminar seus estudos, decidiu que a partir de então, ajudaria seus pais no pequeno comércio de secos e molhados da família.

Observando a gestão da casa de comércio, Adelina notou que era preciso mudar a forma de organizar a loja e que era necessário motivar os vendedores que estavam muito acomodados. Além disso, ela começou a implantar alguns controles, tais como o livro de estoque.

Os pais ofereceram a Adelina 1% de comissão sobre todas as vendas que ela fizesse e isso a motivou a ampliar os negócios. Com muita disposição, ânimo e força de vontade ela conseguiu, num curto prazo, obter sucesso nas vendas, melhorando o atendimento aos clientes e com essa nova postura de negócios, as vendas da lojinha foram aumentando.

Aqueles eram tempos difíceis, nos anos 1940, pois Luiz Alves não tinha luz elétrica e as notícias podiam ser ouvidas apenas no rádio à bateria.

Entre 1944, então com 18 anos, Adelina ficou em Blumenau para cursar corte e costura, bordado à máquina e economia doméstica. Terminados os cursos, ela voltou para casa e retomou suas funções na loja, no balcão e no escritório da casa comercial de seus pais.

Adelina gostava disso, da euforia do trabalho e da transformação, não pensava muito em casar, queria algum romance, é claro, mas queria mais… Gostava de trabalhar, sentia-se viva ali na venda, lidando com as gentes, com dinheiro, com as mercadorias… Esse movimento contínuo fazia palpitar o seu coração.

Enquanto isso a guerra continuava e Anselmo foi deslocado para Vitória, no Espírito Santo. Foi quando aconteceu um acidente, ao fazer uma demonstração de desarmamento de uma granada, a mesma se arma provocando estilhaços, onde Anselmo ficou mutilado e perdeu a vida.

Ao receber a notícia da morte, Leopoldo exigiu que o corpo de seu filho fosse enviado para Luiz Alves. Desenterraram, embalsamaram e enviaram o Tenente Anselmo José Hess até o Rio de Janeiro, e de lá embarcou para o Porto de Itajaí. Em seguida foi embarcado em um caminhão do exército e transportado até Luiz Alves. Isso demorou cerca de 01 mês.

Um dos integrantes do exército que fez os cortejos era Rodolfo Francisco de Souza Filho, um nome um tanto quanto pomposo e preferia que o chamasse de Duda.

Duda parado em posição de sentido prestou continência, como achou ser devido naquele momento. Adelina sentiu neste momento seu coração acelerar, uma mistura de angústia pela perda de seu irmão e ao mesmo tempo uma emoção na qual não havia sentido antes em relação a um verdadeiro amor. Duda ainda ficou alguns dias em Luiz Alves, prestando serviços conforme o exército havia ordenado. Com o passar dos dias Duda foi embora, assim como Anselmo.

A guerra acaba, Getúlio Vargas fora deposto, após anos de ditadura, surgem as eleições e com ela os comícios. No comício que aconteceu na Igreja Matriz São Vicente de Paulo, eis que surge o reencontro entre Duda e Adelina, com trocas de olhares, em seguida do noivado e o mais esperado casamento.

Após o casamento, os pais de Adelina ofereceram ao jovem casal a aquisição da pequena loja. E à Elvira, sua irmã mais velha, e cunhado Leonardo Martendal, o transporte rodoviário.

Naquele momento iniciou-se uma saga de muito trabalho, determinação, inovação e visão de negócios A jornada de trabalho na loja de secos e molhados era de 18 horas diárias e embora estivesse constantemente, grávida Adelina não perdia o entusiasmo. Em 1955 ela e o marido decidiram fechar o açougue, mas mantiveram a casa de comércio. Abriram uma serraria e compraram um caminhão para transportar a madeira. O comércio e a serraria davam suporte ao sustento da família que aumentava, afinal, em 1955 já tinham seis filhos. Contudo, Adelina só pensava em fazer os negócios crescerem e para isto não media esforços. Duda se dedicava ao contato com os colonos, com os clientes e cuidava do abastecimento dos produtos para a venda. Adelina se encarregava do setor de tecidos, confecções, sapatos, perfumaria e armarinhos.

Para manter a loja abastecida, Adelina costumava buscar os produtos em São Paulo e nos atacadistas catarinenses. Numa dessas viagens, Adelina não pôde ir devido à gravidez adiantada. Duda teve que viajar à São Paulo sozinho e foi quando um dos fornecedores, um turco da Rua 25 de Março, o convenceu a comprar um grande lote de tecidos por um preço vantajoso e prazo a perder de vista.

Eis que surge a ideia de confeccionar camisas. Era maio de 1957 quando Adelina chamou duas amigas, Lídia e Gertrudes, que eram costureiras e propôs um negócio: elas trariam suas duas máquinas de costura e juntas as três transformariam aquele tecido todo em camisas! As amigas gostaram da ideia e as máquinas foram instaladas num dos quartos da casa de Adelina e foi iniciada a produção. Trabalhavam durante o dia e à noite as máquinas eram retiradas para recolocar as camas.

Assim, a cada ano, novos empreendimentos surgiram, muitas ideias e tudo regado de muito amor.

Atualmente o Governo Municipal está trabalhando para abrir o espaço para visitação, pois conta com a réplica da venda de antigamente e acervos importantes da família.

O Casarão Dudalina também abriga atualmente o Clube de Mães – Mãe Adelina, que acontece toda terça-feira. O objetivo do projeto é reforçar a força feminina luizalvense, tendo Adelina Hess de Souza como inspiração, que desde o início, com sua garra e dedicação, fez com que centenas de mulheres luizalvenses iniciassem no mercado de trabalho por meio da indústria têxtil.  


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Visitação externa, o ano todo.

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